EMT - Estimulação Magnética Transcraniana para o tratamento da depressão

Picture of Dr. Cássio Papa

Dr. Cássio Papa

Psiquiatra
EMT

A estimulação magnética transcraniana (EMT) é um método não invasivo capaz de estimular as células cerebrais através de pulsos magnéticos. Os pulsos magnéticos induzem pequenas correntes elétricas, potencial de ação, nos neurônios. Quando isso é realizado de maneira repetitiva consegue-se alterar os padrões de comunicação dos neurônios, ou seja, consegue-se produzir mudanças nos neuro circuitos cerebrais.

A hipótese atual que sustenta o uso da EMT presume que há alterações na conexão entre regiões límbicas relacionadas com os sentimentos e humor (ex.: hipocampo,  amígdala) e o córtex pré-frontal. Estudos de imagem realizados em pacientes deprimidos demonstram que há diminuição da atividade cerebral nas área envolvidas na regulação de comportamentos consistentemente associados com depressão (ex.: alteração do apetite, alterações no ciclo sono vigília, diminuição da energia).

Uma das explicações do porque a EMT funciona postula que a despolarização dos neurônios corticais através dos pulsos elétricos leva temporariamente ao aumento do fluxo sanguíneo e do metabolismo na área cerebral em que os pulsos magnéticos são direcionados. Além disso, a EMT modula a maneira pela qual os neurônios se comunicam.

O objetivo de realizar a estimulação magnética com pulsos magnéticos repetidos é promover a sincronização dos neurônios. E, quando os neurônios disparam juntos ao longo do tempo eles tendem a disparar de uma maneira mais saudável o que se acredita ser o responsável pelos efeitos terapêuticos positivos.

As pesquisas mostram que após as sessões de EMT os neurônios mostram preferência pelas novas vias neurais estabelecidas ou seja, eles param de utilizar os caminhos associados aos sintomas psiquiátricos. Resumidamente, a EMT estimula áreas específicas do cérebro levando à alteração nos  padrões cerebrais disfuncionais associados à depressão para proporcionar alívio e quebrar o ciclo da depressão.

EMT nas pesquisas

A EMT vem sendo utilizada em contextos clínicos e de pesquisas há mais de 30 anos. Em 2008 a agência FDA autorizou seu uso para o tratamento de depressão refratária. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina reconheceu a EMT como modalidade terapêutica que pode ser utilizada em para o tratamento da depressão uni e bipolar em 2011.

Dentre as aplicações e indicações da EMT para tratamentos psiquiátricos destaca-se sua eficácia no tratamento da depressão refratária. Diversos ensaios clínicos randomizados – é o estudo em que os participantes são alocados aleatoriamente para receber uma ou mais intervenções – demostram que as pessoas tratadas com EMT tem uma probabilidade 2-4 vezes maior de atingir a remissão quando comparado com quem utiliza apenas medicamentos e, aproximadamente 60% dos pacientes tratados com EMT relataram experienciar alívio dos sintomas e melhora após um ano do tratamento.

A TMS Clinical Society indica a EMT para o tratamento do transtorno depressivo refratário e, sugere algumas recomendações:

De modo geral, considera-se resistência ao tratamento os casos de paciente que receberam de 1 a 4 tentativas adequadas de medicação antidepressiva. E, entre todas essas tentativas de tratamento, o paciente recebeu pelo menos um medicamento antidepressivo com dose e duração adequadas (duração de pelo menos 6 a 8 semanas).

Recomendações

  1. A EMT é recomendada como tratamento agudo para alívio sintomático da depressão na população de pacientes indicada acima.
  2. A EMT é recomendada para uso como uma opção subsequente em pacientes que se beneficiaram anteriormente de um curso de tratamento agudo e estão passando por uma recorrência de sua doença (continuação ou manutenção).
  3. A EMT pode ser administrada com ou sem a administração concomitante de antidepressivos ou outros medicamentos psicotrópicos.
  4. A EMT pode ser usada como tratamento de continuação ou manutenção para pacientes que se beneficiam de um curso agudo.
  5. A EMT pode ser reintroduzida em pacientes que estão recaindo na depressão após responderem inicialmente ao tratamento com EMT.

      Aviso: Estas informações foram de caráter meramente educativo. Para esclarecimentos especializados – somente um profissional de saúde habilitado pode diagnosticar doenças, indicar tratamentos específicos, e/ou prescrever medicamentos.

Perera, T., George, M. S., Grammer, G., Janicak, P. G., Pascual-Leone, A., & Wirecki, T. S. (2016). The clinical TMS society consensus review and treatment recommendations for TMS therapy for major depressive disorder. Brain stimulation, 9(3), 336-346.

Precisa de mais informações e esclarecimentos?

Entre em contato com nossos profissionais através dos caminhos abaixo: