Enxaqueca grave precisa de cirurgia?

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Dr. Fabio Godinho

Neurocirurgião | CRM 87108

Enxaqueca (ou hemialgia) é um distúrbio neurológico, genético e crônico muito comum, que pode ocorrer em qualquer idade. As mulheres são as principais vítimas, pela oscilação natural dos hormônios do corpo feminino.

Também conhecida como migrânea, é um tipo de dor de cabeça (cefaleia) muitas vezes latejante (pulsátil) e incapacitante, de intensidade variável, podendo vir acompanhada ou não de náuseas e sensibilidades à luz, cheiros e/ou som. Na maioria dos casos, a dor de cabeça da enxaqueca é fronto-temporal – sentida nas têmporas e no osso frontal da face – com duração média de quatro a 72 horas.

Pessoas que sofrem de enxaqueca precedida de aura (alteração da visão, geralmente com pequenos pontos luminosos ou embaçamento), especialmente mulheres fumantes que fazem uso de pílulas anticoncepcionais, têm o risco aumentado de sofrerem acidente vascular cerebral.

O que ataca a enxaqueca?

Às vezes, as crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por gatilhos de alerta – como falta de sono, fome, alimentos gordurosos, bebidas alcoólicas, mudanças no clima ou estresse – podendo ser agravadas por exercícios físicos, luzes, sons ou odores.

Qual é a diferença entre enxaqueca e dor de cabeça?

O sintoma de dor de cabeça é um desconforto causado por fatores como estresse, ansiedade, ou doenças como gripe e sinusite. Contudo, a enxaqueca é uma doença neurológica, com dores mais graves e recorrentes, necessitando assim de diagnóstico médico.

A enxaqueca, apenas um dos diversos tipos de dor de cabeça, se diferencia porque começa fraca e latejante, e vai aumentando progressivamente, podendo perdurar por mais de 4 horas.

Quais os graus de enxaqueca?

A enxaqueca costuma ser dividida em 4 fases: 1ª – premonitória (pródromo); 2ª fase – aura; 3ª fase – dor de cabeça em si (cefaleia); e 4ª fase – resolução (pósdromo). Porém, nem todas as pessoas que sofrem de enxaqueca apresentam todas as 4 fases.

Quais os sintomas de enxaqueca?

As crises de enxaqueca podem causar latejamento em uma área específica, e medicamentos preventivos ou para alívio da dor de cabeça podem ajudar no controle dos sintomas.

Alguns dos sintomas de enxaqueca mais comuns são:

  • Dor latejante e pulsátil, geralmente unilateral, de intensidade moderada ou forte;
  • Náuseas, Vômitos;
  • Hipersensibilidade à luz (fotofobia), ao barulho (fonofobia) e a certos cheiros (osmofobia), que se mantém de quatro a 72 horas e que piora com o movimento;
  • Irritabilidade, Agitação;
  • Depressão.

Tratamentos

Importante procurar um médico, principalmente se manifestar mais de 3 episódios de enxaqueca em uma semana. O mais indicado seria buscar um médico neurologista, especificamente o “cefaliatra”. O tratamento da enxaqueca considera as características da dor, e a frequência das crises. O objetivo seria diminuir os sintomas, e evitar novos eventos.

O tratamento da enxaqueca pode envolver o uso de medicamentos, acupuntura, fisioterapia, psicoterapia, meditação, mudanças na alimentação e do estilo de vida – evitando gatilhos que disparariam as crises. Ainda, existem opções de tratamentos preventivos, com medicamentos anti-hipertensivos, antidepressivos e antipsicóticos.

Algumas práticas que ajudam a diminuir a frequência e a intensidade das crises de enxaqueca: alimentação equilibrada, reduzir o consumo de cafeína, sono adequado, prática regular de exercícios físicos, e controle do estresse.

Enxaqueca grave precisa de cirurgia?

Neurologistas e neurocirurgiões são os profissionais mais capacitados para o diagnóstico e o tratamento das cefaleias.

A cirurgia para enxaqueca grave seria indicada para pacientes que não respondem bem aos tratamentos, ou que não toleram a medicação. A cirurgia teria como objetivo descomprimir e liberar ramos de sensibilidade dos nervos cerebrais trigêmeo e occipital (atrás da nuca), envolvidos nos pontos de dor.

O procedimento cirúrgico é realizado no hospital, sob anestesia geral ou local. A intensidade e a frequência das crises de enxaqueca poderiam diminuir com a cirurgia, mas dificilmente os pacientes se livram completamente da dor.