A importância da neuroimagem sofisticada na cirurgia para o Tremor Essencial
Dr. Fabio Godinho
O tremor essencial é o distúrbio do movimento mais comum. Afeta homens e mulheres com a mesma frequência e pode acometer qualquer faixa etária. A evolução é insidiosa, com tendência a piora da intensidade com o avançar da idade. A presença de história familiar é quase uma regra nesta doença, com padrão de herança dominante. O tremor é bilateral, porém assimétrico (sempre pior de um lado do corpo). Ele predomina nos membros superiores, podendo também afetar os músculos da cabeça, do pescoço e da laringe. Diferente do tremor na doença de Parkinson, o tremor essencial ocorre na presença do movimento, podendo ser muito incapacitante. Algumas medicações como os antidepressivos, os anticonvulsivantes, os broncodilatadores e os estimulantes, assim como o estresse psíquico e físico podem piorar a intensidade do tremor. Curiosamente, este tipo de tremor é abrandado quando o paciente faz uso de pequenas doses de bebida alcóolica.
Quando as medicações não são eficazes para controlar o tremor essencial, o tratamento cirúrgico representa uma opção interessante. Dentre as opções cirúrgicas, destaca-se a estimulação elétrica do núcleo ventral intermédio do tálamo. Também chamado de VIM, o núcleo ventral intermédio do tálamo é o principal alvo cirúrgico no tratamento do tremor. Especificamente, a porção inferior do VIM recebe as fibras nervosas que se originam do cerebelo, constituindo o ponto mais interessante deste alvo.
Visando aumentar a precisão cirúrgica, métodos sofisticados de Ressonância Magnética – como a Tractografia por Ressonancia Magnética – tem grande utilidade neste contexto. Trata-se de um método que permite visualizar as fibras que comunicam diferentes regiões do cérebro. Como ilustrado na imagem abaixo, este método auxilia o Neurocirurgião a localizar o ponto do VIM que recebe as fibras cerebelares e, assim, localizar o alvo de forma extremamente precisa. Deste modo, o Neurocirurgião precisa estar bastante familiarizado com técnicas sofisticadas de Neuroimagem. Além disso, precisa contar com uma equipe de Neuroradiologistas de grande experiência, capaz de fornecer imagens de grande resolução espacial. Todos estes avanços tornam os resultados cirúrgicos cada vez melhores.